Sejam muito bem-vindos ao evento da Embaixada dos Estados Unidos, celebrando o Dia da Independência! Sentimo-nos honrados com a vossa presença aqui esta noite. Cheguei há algumas semanas, acompanhada pelo meu marido Adam, os nossos dois filhos Charlie (com quatro anos) e Ellie (com dois anos) e pela minha mãe. Temos sido tratados por todos com grande gentileza e estou a aprender rapidamente e em primeira mão o espírito de morabeza que caracteriza Cabo Verde e o seu povo.
Apesar de ser a minha primeira vez a viver em Cabo Verde, não é a minha primeira experiência profissional na África Ocidental. O primeiro país onde trabalhei como diplomata foi no Senegal. Cabo Verde já começa a ser um lugar especial para nós. Olhando para fora, e com o oceano tão perto, sinto-me em casa. Adoro o maravilhoso peixe fresco e, começo de novo a apreciar os sumos de Bissap e Calabaceira. O Charlie e a Ellie estão particularmente entusiasmados com a possibilidade de verem tartarugas. Como podem começar a perceber, a minha família e eu adoramos a natureza. Pretendemos explorar o maior número possível de ilhas – fazer mergulho em Santiago, escalar o vulcão do Fogo, fazer caminhadas em Santo Antão, pescar com os nossos pais, e fazer muito mais.
É incrível, como em tão pouco tempo, a nossa ligação com Cabo Verde e ao seu povo cresceu. Esta é a natureza da relação entre os nossos países: uma ligação profunda e de grandes possibilidades.
É para mim uma honra começar as minhas funções numa altura em que marcamos os duzentos anos de amizade e de relações entre os Estados Unidos e Cabo Verde. Em dezembro de 1818 (mil oitocentos e dezoito), o primeiro consulado dos Estados Unidos na África Subsaariana foi aberto aqui. Este fato reflete a importância estratégica desta região e a nossa forte amizade. Hoje, não só celebramos a independência dos Estados Unidos, mas também os duzentos anos dos laços históricos que nos unem. E, daqui a uns dias estaremos a celebrar a independência de Cabo Verde.
A nossa longa amizade remonta aos anos 1740 (mil setecentos e quarenta) quando os navios baleeiros dos Estados Unidos começaram a recrutar tripulações das ilhas de São Nicolau, da Brava e do Fogo. Estes cabo-verdianos passaram a operar a maior frota baleeira em New Bedford, Massachusetts. Converteram também muitos dos navios em barcos de transporte de passageiros e mercadorias que viajavam entre Cabo Verde e os portos na Nova Inglaterra. Esta região acolhe a maior diáspora cabo-verdiana do mundo.
Não deixa de ser interessante que os meus antepassados também emigraram para a Nova Inglaterra. Em 1640 (mil seiscentos e quarenta), os primeiros Porters da minha linhagem estabeleceram-se em Massachusetts, Rhode Island, e Connecticut, como agricultores e trabalhadores. Não ficaria surpreendida se tivessem encontrado marinheiros e outros cabo-verdianos estabelecidos nessas áreas. É esta a história da América. E a história de Cabo Verde. As nossas nações foram construídas com base nos esforços dos nossos antepassados – viajando pelos mares, criando comunidades vibrantes e aproveitando as oportunidades para melhorar as suas condições de vida.
Temos celebrado, por mais de duzentos anos, uma história rica e partilhada; uma história marcada por um compromisso mútuo para com os valores democráticos, segurança marítima, comércio livre, e prosperidade económica. Nos anos que se seguem, a Embaixada espera continuar a apoiar os esforços do governo de Cabo Verde no fortalecimento dos nossos laços comerciais. Estamos disponíveis para ajudar as empresas que queiram aproveitar as condições do AGOA. Espero em breve conhecer os beneficiários do nosso fundo de Autoajuda do Embaixador – agricultores, líderes comunitários, donos de pequenas empresas, entre muitos outros – nas várias ilhas, e expandir este programa para novas comunidades. Estamos também empenhados em ajudar mais jovens cabo-verdianos a aprender o inglês e a procurar oportunidades para estudar nos Estados Unidos, através do nosso departamento EducationUSA. É com entusiasmo que vejo o quanto há para aprender em termos de história e cultura, bem como as realizações que podemos alcançar juntos.
Esta noite esperamos honrar o passado e olhar para o futuro mostrando um pouco da influência recíproca das culturas americana e cabo-verdiana no que respeita à música, arte, e sentido de serviço público.
Ao olharmos para o passado, sentimo-nos honrados por ter o fotógrafo Ron Barboza mostrando-nos hoje uma pré-visualização da sua exposição “With the Wind at our Backs,” (Com o vento às nossas costas), com fotografias originais e imagens de arquivo narrando a história de cabo-verdianos na Nova Inglaterra, incluindo veteranos cabo-verdianos/ americanos que serviram nas guerras dos Estados Unidos, desde a Revolução Americana. Três dos meus antepassados também combateram na guerra da revolução. Por isso, aprendi a importância da família, de prestar serviço público, e contribuir com talentos e energias em prol de um país, da melhor forma possível. Estes temas estão reproduzidos através dos trabalhos extraordinários que temos em exposição esta noite.
Olhando para o futuro, damos as boas vindas ao artista de jazz Bobby Ricketts, um artista que exemplifica o melhor daquilo que os que Estados Unidos têm para oferecer. Para além de ser um extraordinário saxofonista, é um dos principais estudiosos americanos no que diz respeito ao pensamento criativo, empreendedorismo e liberdade de expressão. Esta noite, com a presença do Bobby e de outros artistas locais, espero que possamos ouvir um exemplo do tipo de criatividade inovadora que nasce da admiração mutua pela cultura, e a parceria que marca a relação entre os nossos dois países.
Termino agradecendo ao Senhor Secretário de Estado Gilberto Barros por estar connosco esta noite. A sua presença aqui representa a importância da nossa relação económica no passado, no presente e no futuro. Gostaria também de agradecer ao Ministério das Finanças e à equipa do Banco Central pelo incrível trabalho feito para capturar os nossos duzentos anos de relações históricas através da moeda de duzentos escudos comemorativa do bicentenário entre os Estados Unidos e Cabo Verde, recentemente cunhada. Esta moeda é a representação física dos laços reais e sólidos entre os nossos países. A sua circulação permitirá que cabo-verdianos a e americanos tenham uma pequena parte desta história nos seus bolsos. Posso dizer, com toda a certeza, que continuaremos a trabalhar com Cabo Verde na promoção da paz e da prosperidade das nossas nações.
Com esta nota, convido sua Excelência o Senhor Secretário de Estado para as Finanças, Doutor Gilberto Barros, ao palco.
Brindemos a estes duzentos anos de amizade e a muitos mais!
“Djuntu nós é mas forti!” (Juntos somos mais fortes!)